A Europa em 2022
02/03/12 10:50Vi no Facebook de alguns amigos da Europa a imagem abaixo, uma brincadeira de como será o mapa do continente daqui a dez anos, em 2022.
Perfil Formado em direito pela USP e em jornalismo pela Cásper Líbero, é correspondente em Londres
Perfil completoVi no Facebook de alguns amigos da Europa a imagem abaixo, uma brincadeira de como será o mapa do continente daqui a dez anos, em 2022.
Recomeça amanhã um dos mais tradicionais torneios de rúgbi do mundo, o europeu Six Nations (seis nações).
Escócia, França, Gales, Inglaterra, Irlanda e Itália disputam, em pontos corridos, cinco rodadas, com todos contra todos. Amanhã será a terceira rodada do campeonato.
O rúgbi, que uma marca esportiva diz que um dia será grande no Brasil, é bastante popular na Europa, especialmente no Reino Unido. Um ingresso para a partida Inglaterra x Gales, aqui em Londres, está custando mais de mil reais.
Conheci o esporte por um amigo da faculdade de jornalismo, o Marcelo, que me deu carona para aquele que seria meu primeiro e único treino no Parque Villa-Lobos. Durante o treino, Marcelo fraturou a clavícula e tive que levá-lo ao pronto-socorro dirigindo seu carro. Minha coragem de receber as pancadas acabou ali, mas segui acompanhando o rúgbi pela TV.
Com ligeira inspiração no interessante filme “O Homem que Mudou o Jogo”, em que Brad Pitt interpreta um técnico de beisebol que aplica método estatísticos para selecionar seu time (a história é real), vou deixar aqui um palpite de classificação com base na economia de cada país que participa (em março, no fim do torneio, volto para conferir, embora já saiba que pelo menos duas previsões sejam muito pouco prováveis).
A França, como maior economia entre os participantes, será a vencedora. Seu PIB (Produto Interno Bruto) de 2011 é estimado em cerca de US$ 2,8 trilhões.
Em segundo lugar, a Itália, com PIB de cerca de US$ 2,2 trilhões.
A terceira posição do Six Nations caberá à Inglaterra. O cálculo a partir daqui, à exceção da Irlanda, fica mais complicado e tem base em dados mais antigos, pois o PIB de Gales, Inglaterra e Escócia integra a somatória do Reino Unido (que ficaria à frente da Itália).
A Irlanda ficará com o quarto lugar. Seu PIB, em 2011, é de cerca de US$ 221 bilhões.
Por pouco, a Escócia, com PIB de quase US$209 bilhões, será a penúltima colocada.
Gales será o lanterna da competição, com PIB de US$ 70 bilhões.
Essa relação PIB x campeonato não funcionou nos últimos cinco anos, mas não custa tentar!
Os jogos desta rodada são: Irlanda x Itália, Inglaterra x Gales e, no domingo, Escócia x França.
Quem você acha que vencerá o torneio? Deixe seu palpite!
Enganou-se quem previa que o encontro dos ministros de Finanças da zona do euro, na segunda-feira, dia 20, fosse o fim do drama grego.
Para enfim receber o empréstimo de 130 bilhões de euros do Banco Central Europeu, da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional, o Parlamento da Grécia precisa aprovar até o fim do mês -ou seja, quarta-feira que vem- a legislação para implementar as medidas de austeridade com as quais já concordou.
Um passo importante foi dado hoje, quando foram aprovados os termos do acordo com os credores do setor privado. Com isso, a Grécia terá o perdão voluntário (era perder algum dinheiro ou não receber dinheiro algum, para os credores) de 107 bilhões de euros de sua dívida.
Analistas, contudo, já duvidam da eficácia do acordo e do empréstimo no longo prazo, ou mesmo para este ano. Algumas pessoas com quem conversei em Atenas na semana passada me disseram que, em junho ou julho, quando dados sobre o início do ano estiverem disponíveis, deve haver nova explosão social.
Em abril, o país terá eleições legislativas. Os partidos socialista e conservador, que apoiam o governo de Lucas Papademos, veem seu apoio diminuir cada vez mais nas pesquisas de intenção de voto. O cenário de um partido conseguir maioria para governar sozinho é cada vez mais improvável. Mesmo a esquerda, que capitaliza popularidade após as medidas de austeridade, é muito fragmentada para se unir em torno de um projeto.
Antes disso, do jeito que as coisas andam, é preciso ver se os credores privados vão mesmo aderir voluntariamente ao acordo que negociaram.
Os próximos dias e meses, portanto, continuarão agitados.
No intervalo de um jogo da Champions League, o maior campeonato de futebol da Europa, esse comercial de um banco, o HSBC (do qual não sou correntista nem pretendo ser, vale dizer) me chamou a atenção.
Voltado para o público global, mostra uma garotinha inglesa vendendo limonada (algo muito improvável no Brasil) a uma turista brasileira. A surpresa: a garota não só aceita reais como arranha o português.
Esse é apenas um dos exemplos de como os bancos tiram proveito de algo simples: o fato de que quase nunca tomamos decisões com base apenas na racionalidade econômica.
Se fosse apenas uma questão de melhores taxas, preços, serviços e eficiência, essas seriam as características exploradas nos comerciais. Mas o que importa é dizer que o consumidor é único, ou que faz parte de uma instituição que enxerga oportunidades.
A diferença é que, embora usem muito bem a seu favor a nossa forma de tomar decisões, os bancos não funcionam sem um amplo leque de argumentos racionais para lastrear suas decisões.
Todo mundo ou já passou ou conhece alguém que teve problemas com os bancos, e eles são sempre inflexíveis.
Que nós, consumidores, nos lembremos disso sempre que uma peça publicitária bonitinha nos atrair.
Acompanharei hoje o resultado do encontro de ministros de Finanças da zona do euro, cuja principal discussão é a liberação do empréstimo de 130 bilhões de euros para a Grécia e o aval ao acordo do país com os credores do setor privado.
Em um mês, exatamente, a Grécia precisa pagar 14,5 bilhões de euros de sua dívida. Sem os recursos da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional, um calote é certo.
Na semana passada, o discurso dos países com melhor avaliação das agências de classificação de risco, Alemanha, Finlândia e Holanda, foi duro com Atenas, levando muitos a crer que já desejam o país fora da zona do euro.
Mas a Grécia sabe que sua sobrevivência, em longo prazo, depende da permanência na União Europeia e do uso da moeda comum. Por isso, tende a aceitar as condições impostas pelos credores, por mais severas e impopulares que sejam.
Resta saber se os credores ainda estão dispostos a lidar com a Grécia, que já descumpriu diversos compromissos de 2010 para cá.
O resultado da reunião de hoje é crucial não só para Atenas, mas para toda a União Europeia, pois deixará claro o quanto seus Estados-membros estão dispostos a colaborar para o projeto de integração – que vai muito além de questões financeiras.
Estive na praça Syntagma durante as minhas férias, em setembro do ano passado. O movimento dos indignados já tinha perdido força, mas sempre havia manifestantes por ali, mesmo que em pequeno número.
Em uma noite que fiquei um pouco mais de tempo por lá, achei muito interessante o fato de que havia uma assembleia informal transmitida pela internet ao vivo. O microfone e o pedestal estavam à disposição de quem quisesse falar, e eram muitos os que contribuíam para o debate. As mensagens eu não sei dizer quais eram, porque não entendo grego…
Fiquei poucos dias em Atenas, é verdade, mas chama a minha atenção o fato de que agora, dois dias depois de uma manifestação em que 80 mil pessoas estiveram por lá para criticar as (novas) medidas de austeridade exigidas do país, não tenha visto ninguém protestando na segunda e na terça. Havia apenas o fluxo de turistas e de usuários de metrô, além de alguns poucos pedintes.
Acho estranho esse silêncio quando o discurso dos indignados e a defesa do Estado de bem-estar social voltam à pauta. Alguém tem sugestões?
Atenas pegou fogo ontem. Literalmente. Cerca de 40 prédios no centro da cidade foram incendiados por manifestantes, que protestavam contra as medidas de austeridade que o governo aprovou na madrugada de segunda-feira.
Com isso, estou na capital da Grécia acompanhando os desdobramentos desse pacote impopular, que inclui redução de 22% no salário mínimo, hoje em 751 euros, corte ainda maior no salário mínimo da população até 25 anos e o compromisso de terminar 2015 com 150 mil funcionários públicos a menos.
O dia hoje foi calmo, com a cidade mensurando os prejuízos e tentando resgatar aquilo que é possível.
Algumas imagens ajudam a ilustrar o cenário, sobre o qual escrevo na edição de amanhã da Folha.