Cameron estava certo
15/05/12 18:43Muitas coisas podem ser questionadas a respeito do primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron.
Sua relação com o magnata Rupert Murdoch certamente é uma delas. Pesam contra o premiê o fato de ter empregado jornalistas da direção do Sun em sua equipe de mídia, além de defender o ministro da Cultura, Jeremy Hunt, no indefensável favorecimento que Hunt ofereceu a Murdoch no processo de aquisição da totalidade da BSkyB, maior operadora de TV por a cabo do país.
Mas com esse debate sobre austeridade e crescimento tomando força na imprensa europeia, lembrei-me de suas declarações em Bruxelas, no fim de janeiro, no último encontro de líderes europeus.
Sob pressão, porque ameaçava vetar o pacto fiscal (o que acabou não acontecendo), Cameron falou aos jornalistas na entrada do prédio em que a reunião aconteceria de maneira nada improvisada.
“Precisamos falar realmente sério sobre uma agenda de crescimento para a Europa. Isso significa completar o mercado único. Significa acordos de comércio com as economias em ascensão no mundo. E significa um forte esforço para desregulação, particularmente para pequenos negócios, de modo que eles possam gerar os empregos e o crescimento de que nós precisamos”, afirmou o premiê.
Cinco meses depois, na próxima reunião de líderes europeus em Bruxelas -um jantar informal na semana que vem, convocado para que discutam exclusivamente a questão do crescimento- me parece que o comunicado oficial trará algo muito similar. Dessa vez, Cameron estava -e continua- certo.