Ao contrário do que muitos esperavam, o trajeto dos espectadores da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres na noite desta sexta-feira, dia 27, entre o centro da cidade e o Parque Olímpico foi bastante tranquilo.
Conhecendo o sistema de metrô londrino, eu integrava o grupo de descrentes. Saí da região de Victoria, onde moro, às 17h, para testar o transporte público. A cerimônia começaria às 21h.
Atento aos avisos transmitidos nos vagões durante a semana, que anunciavam a possibilidade de ocorrerem longos atrasos nos túneis durante os Jogos, comprei uma garrafa de água antes de começar a viagem.
Embarquei na linha Victoria por volta de 17h15 -e a estação estava ligeiramente mais cheia do que o normal. Não consegui entrar no primeiro trem, e coube apertado no segundo.
Em seguida, eu tinha duas opções para fazer a troca de linha até Stratford, onde fica o Parque Olímpico: a linha Jubileu, mais moderna, e a Central, uma das maiores e mais antigas de Londres.
Apostando nos problemas, escolhi a Central, de cor vermelha nos mapas. Em duas estações, fiz a baldeação na movimentada Oxford Circus.
Para quem usava a linha vermelha de São Paulo na Sé às 18h da tarde, foi bastante tranquilo. Nem precisei usar a técnica de meu avô, que andava algumas estações no sentido contrário a seu destino para pegar um vagão mais vazio.
De pé, e sem nenhum problema entre as dez estações, levei mais 40 minutos até desembarcar em Stratford, onde havia um enorme número de voluntários orientando as pessoas que chegavam.
Alguns, sem ingressos, seguravam cartazes em que pediam entradas. Duas francesas prometiam um sorriso para quem lhes desse acesso ao Estádio Olímpico.
Em mais cinco minutos de caminhada, chegava-se ao portão de entrada, onde era necessário passar pelo controle de segurança -similar ao de aeroportos.
Havia fila, mas nada que lembrasse a demora e a confusão que se vê em shows de grande porte no estádio do Morumbi, por exemplo.
Aprovado pela segurança, uma nova caminhada de quase dez minutos bastava para estar ao lado do Estádio Olímpico, palco da cerimônia.
Ao todo, o trajeto, de porta a porta, não levou mais do que uma hora e quinze. Miraculosamente, todas as linhas de metrô apresentavam bom serviço.
Mas talvez a paranoia tenha sido exagerada, ao menos para a abertura dos Jogos. Se considerarmos que o Estádio Olímpico tem capacidade para 80 mil pessoas, e que 30 mil delas eram convidados VIPs (segundo o jornal ªEvening Standardº), no máximo 50 mil pessoas se deslocaram à região de Stratford por transporte público. Os VIPs tinham direito a usar a faixa de trânsito olímpica.
Considerando-se que quatro linhas de metrô e o sistema de trem servem a área, e dividindo o número de usuários pelo de serviços oferecidos, isso representaria 10 mil pessoas em cada linha. Não incluí no raciocínio carros e ônibus londrinos.
Para um metrô que transporta 3 milhões de pessoas por dia, esses deslocamentos não representam um problema.
Imagino que o real teste para o transporte público londrino venha nos próximos dias, quando atletas, turistas e oficiais terão de se deslocar por 36 locais de competição, convivendo com o fluxo da população local. Estima-se até 1 milhão de visitantes por dia durante o período dos Jogos.