A complicada eleição da Grécia
09/05/12 15:01Estou de volta a Londres, após alguns dias em Atenas para a cobertura das eleições parlamentares na Grécia.
O resultado mais provável da eleição: novas eleições, em junho. Nenhum partido foi capaz de obter maioria absoluta do Parlamento para indicar o próximo primeiro-ministro do país. Nem mesmo uma coalizão entre os dois partidos tradicionais e pró-acordo de resgate é suficiente para que um governante seja nomeado.
Pelo que conversei com algumas pessoas na cidade, os cidadãos foram às urnas magoados e desiludidos. Queriam mostrar ao Pasok, socialista, e ao Nova Democracia, conservador, seu descontentamento com os caminhos do país. Os dois partidos governam a Grécia desde 1974, após a redemocratização.
Com isso, o voto ficou mais fragmentado. Em 2009, cinco partidos entraram no Parlamento. Agora, serão sete – e três deles pela primeira vez. Dois são de direita, o Gregos Independentes, dissidência do Nova Democracia, e o perigoso Aurora Dourada, claramente neonazista e com 21 representantes no Parlamento.
O terceiro novato é o Esquerda Democrática, que, apesar de pequeno, pode ser o fiel da balança. Embora de esquerda, é pró-Europa. Desse modo, pode ser cortejado pelos partidos tradicionais, que costuraram o acordo com Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional para resgatar o país neste ano.
O problema: com a votação expressiva do Syriza (Coalizão de Esquerda Radical), o segundo partido mais votado e claramente contrário ao acordo com os credores, não seria uma jogada inteligente da Esquerda Democrática o alinhamento com legendas mais ao centro, pois perderiam o apoio conquistado nas urnas. Ainda que se una ao Syriza, são incapazes de governar, pois o Partido Comunista recusa uma coalizão.
A situação na Grécia fica cada dia mais complicada, e os mercados, que tinham se acalmado, já voltam a especular sobre a saída do país da zona do euro. O que virá das urnas em junho?
Caro amigo Russo,
Com o decorrente empobrecimento da população com os cortes dos gastos públicos e inevitável recessão acenando no horizonte, a Syriza provavelmente vencerá.
Em que pese o quadro político emergente caótico em junho, satisfazer os anseios da população resultará em um sucesso eleitoral no curto prazo e um redundante fracasso econômico no longo prazo …
UGA,
Paulo Sunao